bolas de sabão II

"(...)Antes de viajar de carro elétrico — respondeu, por fim, o velhinho — era             industrial. Fabricava bolas de sabão. Uma ciência que vinha então de pais para filhos.             Aparentemente fácil, como transformar o ouro em cobre. Mergulha-se um canudo na água do             sabão e depois soprava-se. Assim... — o velhinho encheu as bochechas. — Da             minha fábrica saíam por dia, para os cincos cantos do mundo, as mais vistosas bolas de             sabão produzidas no país. O céu da cidade era um deslumbramento de balões coloridos,             transparentes, diáfanos. Enquanto espetavam o nariz no ar, os homens não metiam o nariz             nos problemas dos outros. E as mulheres tinham uns olhos mais belos por os abrirem             desmedidamente à fantasia policrômica do espaço. Durante a noite havia milhares de             luas que se precipitavam com suaves estampidos pelas chaminés das casas e vinhas aureolar             nos jardins a cabeça dos notívagos, dos vagabundos e dos namorados.
E ganhava muito dinheiro com isso, senhor?
 E ganhava muito dinheiro com isso, senhor?
   Oh, não — suspirou o velhinho. — Os poetas não ganham dinheiro. Um dia             tive que fechar a fábrica. Os poetas não ganham dinheiro. Já nem me fiavam o sabão.             Tentei ainda, numa água furtada, produzir bolas mais econômicas.(...)"
 
in "o elétrico" de Santos Fernando
 
 in "o elétrico" de Santos Fernando
1 Comments:
Mas não desististe de de fazer Bolas de balão....Pois não???
Nem que seja para as pessoas que te querem bem!
Beijos,
Susana Oliveira - Rio Tinto
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