Igreja de Cedofeita
Uma tradição muito antiga faz recuar até ao século VI da era cristã a data de construção do actual templo de Cedofeita, atribuindo a iniciativa da fundação ao fervor religioso do rei suevo Teodoromiro, ariano catequizado e convertido por S. Martinho de Dume.
Esta tradição, como muitas outras, reflecte apenas uma parte da verdade histórica, pois o edifício que hoje existe data averiguadamente do século XII. É de presumir que D. Afonso Henriques, intentando restaurar a igreja erigida 600 anos antes pelo monarca suevo (então, por certo, em ruínas e já desfigurada pelas obras de reparação que devia ter sofrido durante a dominação dos godos e muçulmanos) somente pôde aproveitar da primitiva construção os mal seguros alicerces e a parte dos materiais que melhor tinham resistido à acção destruidora do tempo.
D. Afonso II, declarando na sua carta de doação de 1256 que seu avô «repairara» o velho templo de Cedofeita, apoucou evidentemente a importância da obra realizada. Foi reconstrução e não simples reparação o que então se fez.
Por tal motivo, impera na construção o estilo românico. Com uma só nave e capela-mor de planta rectangular, ambas com abóbada de berço. Tinham-lhe sido destinadas duas torres para adorno da fachada principal. É certo, que só uma dessas torres, com remate e sineiras, foi conhecida durante longos séculos, a outra crê-se que nunca existiu.
Como quase todos os edifícios ou monumentos antigos, o vestuto templo portuense foi muitas vezes maltratado, durante a sua longa idade, por amigos semelhantes a inimigos. A partir do século XVI, as mutilações e os crescimentos no corpo da igreja amiudaram-se; depois, outras construções comuns, erguidas sob a pressão de necessidades relacionadas com o exercício do culto. Deste modo, quando a Direcção Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais deu princípio às obras de restauração, toda a fachada sul e parte da fachada poente haviam desaparecido por detrás de várias edificações destinadas a residência do pároco. Por esse tempo, além da capela-mor – muito prejudicada pelos desavisados e devotos reformadores do século XVIII – apenas se podia ver sem grande estorvo a parede norte, que fora também vítima de um atentado de certa gravidade.
A multiplicidade e importância dos estragos eram de molde a tornar particularmente delicada e difícil a obra de restauração que a DGEMN se propôs a realizar. A obra, delineada em todos os seus pormenores, foi executada com rigor e continuidade. Assim, o belo templo de Cedofeita, resistiu à sua feição primitiva. Pode hoje admirar-se tal como saiu, há 870 anos, das mãos dos alvenéis de D. Afonso Henriques.
- A Igreja de S. Martinho de Cedofeita : Porto. In: Boletim da Direcção Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais : Ministério das Obras Públicas e Comunicações. Nº 2 (Dezembro de 1935).
Mais haveria para contar sobre os estragos/alterações feitos(as) pelos devotos, mas penso que este texto mostra um bocado do que foi e o que é actualmente a Igreja de Cedofeita, que a não ser este rigoroso estudo da DGEMN, pouco há sobre a sua história, pelo menos na revista «O Tripeiro» :O)
Investigação e texto por Luzinha.
13 Comments:
Post dedicado aos ausentes e aos que não resistiram à chuva do passeio de domingo.
;)
Ah valente Luzinha! Quem sabe sabe!
Traz,
Obrigada pelo post... [Nesta foto já não chovia!!!!!]
Luzinha,
Obrigada pela informação! Mas investigaste-a, não foi? Ou conseguiste ouvir o HP?
Na realidade não foi a chuva que me fez desistir, foi o número exagerado de pessoas e o facto de não conseguir ouvir nas melhores condições.;(
Justifico-me, é verdade. Teria gostado de vos ter cumprimentado como debe de ser! ;)
Eu resisti! ;P (só não consegui ouvir as explicações, mas ainda deu para aprender alguma coisa)
Boas fotos, Traz! ;O)
Eu só fiz a pesquisa, Patch :$ Quem publicou este livro é que sabia e não era pouco!
Valente só se for por ter apanhado grande molha e não ter ficado doente... ;O)
De nada são! Eu sei, foi de propósito. ;p
Muito obrigado amiguinha luzinha! ;)
foi nesta igreja que fui batizado!
segundo testemunhos, não sou responsável por nenhum dos estragos no edificio! apenas testei a acustica da sala :)
Ricardo
hummmmmm
E os berros não partiram nenhum vidrito?
;)
eheheheheh, cá estou ... vim logo que vi o quase-ultimato que deixaste lá no Postais!
... ai, ai, ai, que o BBQ de Sábado à tarde prolongou-se pela noite adentro e foi muito difícil acordar a horas nesse chuviscoso Domingo!!
Gostei dos ângulos inusitados que escolheste para fotografar a Igreja de Cedofeita, Traz! E do texto, Luzinha!
Quem é que precisa de um HP, quando pode vir aqui ao blog fazer um passeio virtual?
eheheheheeh, estou a brincar ...
... eu preferia ter feito o passeio, deve ser muito interessante percorrer essas ruas com outros olhos, descobrir-lhes os segredos do passado, ouvir estórias e histórias ...
Quero relatos fotográficos dos próximos passeios! Setembro ainda vai a meio ... ainda se fazem mais 2 passeios! ;))
Beijinhos,
Sinapse
Na verdade o HP foi muito dificil de ouvir sin', até porque aquilo de irem 30 pessoas, não é própriamente o que aconteceu, estariam para aí umas 70 ou 80 e estava a chover! Assim também tive que esperar pelo texto da Luzinha para ficar a saber mais qualquer coisa :)
De qualquer maneira valeu a pena o passeio.
Quanto aos outros dois passeios, não sei ainda se vou poder ir, logo vejo. Se for aparecem por aqui as fotos (tb não sei se com texto da Luzinha ou não) ;)
De nada amiguinho traz :O)))
Bela 'mostra' do campanário (nas duas fotos), e...
...das pombas...
...foi de propósito ou a despropósito?!
ehehehehehehehehehe!
À / AH ! Lá teria que haver pombas, post de trazmumbalde, sem pombas...não 'é' post! Ó / OH!!!(brincadeira)
Não tenho culpa de que esses seres alados me pressigam para todo o lado Luzinha! Já para não falar do carro. ;)
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