Lá está a loja da Maria 30 anos passados, vendia de tudo, era sobretudo o ponto de encontro de toda gente, parava-se alí por um punhado de semente de batata e sem perceber já se segurava o copo de vinho na mão, brindando por saúde, pelos filhos emigrados, netos recém nascidos e pelas futuras colheitas, era comum acariciarem-me os cabelos finos com as mãos rudes e nodosas do trabalho duro, pegavam em mim e fazíam-me ver os canários pendurados no telhado, dos cheiros recordo o vinho, o farelo, o serrim do chão, e o sabor das bolachas torradas que só se descolavam dos dentes com larangina C que a Maria-da-Loja me dava...